Decisão de encerrar o uso do motor Renault na Fórmula 1 gera insatisfação e mobilização na equipe; trabalhadores temem demissões em massa e perda de prestígio da indústria automobilística francesa
A Alpine, marca de automóveis esportivos pertencente ao Grupo Renault, enfrenta uma onda de insatisfação entre seus funcionários, que anunciaram uma greve e diversas ações de protesto em Monza, palco do Grande Prêmio da Itália de Fórmula 1, nesta sexta-feira. A mobilização ocorre em resposta ao plano da equipe de abandonar o uso do motor Renault na categoria, decisão que, segundo os trabalhadores, pode resultar em demissões em massa na fábrica de Viry-Châtillon, na França.
Os protestos incluem a exibição de faixas nas arquibancadas e o uso de braçadeiras pretas pelos funcionários da Alpine nos boxes. A operação da equipe nos treinos não será afetada, mas as manifestações também ocorrerão na cidade-sede da equipe.
A fábrica é responsável pela produção dos motores que impulsionaram 12 títulos mundiais como fabricante na Fórmula 1, representando quase cinco décadas de excelência industrial no cenário automobilístico. No comunicado divulgado pelos funcionários, a preocupação vai além das possíveis demissões. “Além do desaparecimento das atividades da Fórmula 1 em território francês, com quase 50 anos de história e 12 títulos mundiais como fabricante de motores, também está em jogo a perda do prestígio internacional da excelência industrial francesa”, afirma o documento.
A repórter Mariana Becker, da Band, foi a primeira a divulgar as informações, destacando que as manifestações ocorrerão tanto em Monza quanto na cidade-sede da Alpine. Entre as ações planejadas, grupos de trabalhadores exibirão faixas de protesto nas arquibancadas do circuito italiano. Já os funcionários da Alpine que estiverem nos boxes usarão braçadeiras pretas como símbolo de luto pela situação.
Apesar dos protestos, os funcionários garantiram que não haverá interrupções nas operações da equipe durante os treinos. “Sem questionar o projeto da marca Alpine do Grupo, os funcionários estão convencidos de que este projeto pode ser realizado sem o sacrifício da motorização francesa na F1”, conclui o comunicado.
A situação levanta questões sobre o futuro da indústria automobilística francesa na Fórmula 1 e o impacto das decisões corporativas no cenário global do esporte. A Renault, que já havia reduzido sua participação direta na F1 ao rebatizar sua equipe como Alpine, agora enfrenta a possibilidade de encerrar completamente sua presença na categoria, o que poderia marcar o fim de uma era para a fabricante e para a França.
FOTO: FOM/REPRODUÇÃO
