Equipes usam “subempresas” e até mesmo carros “de rua” para enganar mecanismos de controle da FIA
O limite orçamentário foi implementado na Fórmula 1 com o objetivo de igualar as forças na categoria e diminuir os gastos astronômicos que as equipe tinham com o desenvolvimento dos carros, porém, segundo o portal alemão Auto Motor Und Sport, as equipes já encontraram várias maneiras de burlar este regulamento.
As diferentes exigências das equipes na Fórmula 1 eram duplamente injustas. As equipes de corrida ricas não só tinham as melhores pessoas, mas também mais delas. É como permitir que Real Madrid, Manchester City ou Bayern de Munique joguem com 33 jogadores em vez de 11. Como resultado, entre 2013 e 2020, apenas pilotos da Mercedes, Ferrari ou Red Bull venceram um Grande Prêmio. Pierre Gasly no Alpha Tauri foi o primeiro vencedor surpresa em oito anos em Monza”,
explicou o jornalista Michael Smith no artigo mencionado anteriormente.
Se todas as equipes seguissem o plano de austeridade, limitar os custos seria um passo real em direção a oportunidades mais iguais. Mas o ano de 2022 já mostrou que existem brechas também nessa disciplina, a Red Bull excedeu o limite em 1.8 milhão de libras e recebeu como punição 8 milhões de libras, além de perder 10% do tempo em túnel de vento para a temporada de 2023.
Outro problema apontado na matéria foi a demora da FIA em divulgar os resultados das investigações sobre o teto de gastos. Somente em setembro do ano passado foi anunciado o resultado referente à 2021. Para resolver isso, a Federação anunciou que a equipe que tinha três pessoas agora conta com dez e os resultados referentes à 2022 devem ser finalizados ainda no final deste mês.
Segundo a publicação o truque mais comum para burlar a regra é a utilização de diversas empresas para montar partes diferentes do carro. Dividir o negócio principal em muitas empresas legalmente separadas, que então constroem barcos, bicicletas ou supercarros radicais para as ruas pode ser uma solução para mascarar o trabalho na Fórmula 1 sem contar para o teto.
Esses funcionários trabalharam apenas 10, 25 ou 50 por cento para a equipe de Fórmula 1, e seu salário foi reduzido de acordo no centro de custo da F1. O próximo passo foi que as equipes montassem novas empresas para terceirizar determinados serviços. As equipes então compraram dessas empresas “externas” a um preço mais baixo do que se tivessem feito isso por conta própria.
A Mercedes instalou uma empresa de software que fornece principalmente a própria Mercedes. A Aston Martin tem uma fabricante de carbono que fabrica componentes de fibra de carbono internamente, mas é uma empresa dentro da empresa. Ele entrega para a equipe de Fórmula 1 a preço de custo. Ainda vale a pena para os funcionários serem contratados por esse subcontratado, porque eles também podem aceitar pedidos externos fora dos horários de pico, o que é bom financeiramente para eles.
O mesmo modelo se presta ao departamento de desenvolvimento. Eles poderiam vender novos desenvolvimentos para a equipe por um preço fixo, o que acarretaria custos muito mais altos se fossem feitos por eles mesmos. Porque todos os desenvolvimentos com falha não aparecem no preço fixo.
A Aston Martin e a Red Bull encontraram mais uma brecha na regulamentação da Fórmula 1, os Hypercars. A Red Bull Advanced Technologies está atualmente desenvolvendo um carro esportivo radical para clientes abastados. O RB17 é um carro de Fórmula 1 com rodas carenadas. 50 unidades do supercarro serão construídas até 2025 ao preço de cinco milhões de euros. O mesmo se aplica à versão de pista do Aston Martin Valkyrie, que já foi desenvolvido pela Red Bull, mas agora foi adquirido pela Aston Martin.
Em ambos os carros, seria possível desenvolver componentes mecânicos e aerodinâmicos que também podem ser usados para a Fórmula 1, economizando tempo e dinheiro. E ainda não há regras para este tipo de veículo, sendo assim as equipes podem fazer deliberadamente esse tipo de veículo sem nenhum problema.
Isso não é possível com um hipercarro de Le Mans como a Ferrari e a Alpine, já que existem regulamentos para isso. Sendo assim a Ferrari e a Alpine, por exemplo, teriam que seguir o mesmo caminho que a Red Bull por meio de um atleta cliente para o autódromo.
A Red Bull afirma que não existe fluxo de informações entre a equipe do Hypercar e a equipe da Fórmula 1, somente a utilização de informações da F1 no carro comercial e não o contrário.
Outra informação importante trazida pelo artigo é que: “Mercedes, Ferrari, McLaren e Alpine ainda confiam nos métodos de teste e na estrita interpretação das regras da FIA. No entanto, se todo controle falhar aqui, de acordo com Toto Wolff, deve-se pensar em um modelo semelhante. Com o AMG Project One, a Mercedes teria pelo menos seu próprio supercarro interno”.
